“Volta-te, Senhor! Até quando será assim? Tem compaixão dos teus servos! Satisfaze-nos pela manhã com o teu amor leal, e todos os nossos dias cantaremos felizes. Dá-nos alegria pelo tempo que nos afligiste, pelos anos em que tanto sofremos.”
(Salmos 90.13-15)
Todas as coisas resultam da ação de Deus? Ele é responsável por cada acontecimento na história, seja pessoal ou coletiva? Alguns acreditam que sim! Acreditam que um terremoto, um surto de gripe ou mesmo o atraso de um ônibus, são obras de Deus. No contexto do Antigo Testamento essa perspectiva era dominante. Nele, o mundo dos homens é regido pelo mundo dos deuses. Israel proclamava o poder e glória do Deus único, soberano e senhor de tudo. Outros creem que, mesmo sendo soberano, Deus não é o autor de cada coisa que acontece. Neste caso a soberania de Deus não significa que Ele tenha que permitir ou autoriza para acontecimento, mas apenas que Ele tem poder para intervir, se assim quiser. Não poderemos elucidar Deus e o que importa é como nos vemos diante dele. Moisés se reconhece e à sua nação como pertencentes a Deus. E, seja por determinação divina ou não, as dores que enfrentavam seriam superadas com a bênção de Deus.
Moisés pediu que Deus tivesse compaixão. Que se entremetesse em suas dores e sentisse com eles o seu sofrimento. Compaixão é padecer com, é sentir com o outro. Deus faz isso maravilhosamente bem. Jesus é a manifestação ‘escandalosa’ do compadecimento divino pelo ser humano. Um compadecimento que levou à encarnação. Ele veio a nós, viveu como um de nós sofreu como um de nós e morreu como um de nós, por todos nós. E como Senhor de tudo, ressuscitou. Moisés pediu que Deus os satisfizesse com Seu amor leal e assim eles poderiam viver felizes – ‘todos os nossos dias cantaremos felizes’. Ele está falando de satisfação existencial, de um tipo de condição em que, não importa o que enfrentarmos, poderemos encontrar equilíbrio e alegria para viver. Só o amor de Deus possibilita isso.
Nossas lutas e dores hoje podem ser bem diferentes das de Moisés e dos israelitas, mas somos feitos da mesma substância e ansiamos, em última análise, pelo mesmo: que a vida faça sentido, que vivamos bem e que terminemos bem. É com Deus que alcançaremos isso. Não se trata do que conseguiremos conquistar ou possuir, mas da pessoa que nos tornaremos e do modo como viveremos e compreenderemos a vida. Com Deus, seguros em Seu amor leal, é que a vida faz verdadeiramente sentido. Passado, presente e futuro não são partes desencontradas de nossa história, mas tudo coopera para nosso bem. Tudo concorre para uma síntese em que Deus é honrado e nós somos felizes, ainda que enfrentemos lutas e dores. Desfrutando o amor e presença de Deus podemos viver bem e terminar bem. E assim, já no presente, poderemos olhar o futuro com um olhar de certeza: “Eu sei em quem tenho crido!” (2Tm 1.12).
ucs