terça-feira, janeiro 21, 2014

Heresiologia – Por Reverendo Samuel Ferreira

Definição
É o estudo das Heresias e Seitas . Heresia - Doutrina contrária ao que foi definido pela Igreja em Matéria de Fé. Seita -
Doutrina ou sistema divergente de opinião geral e seguida por muitos.
Definição Evangélica Heresia
é toda doutrina que em matéria de fé sustenta opiniões contrárias ás palavras de Deus.
Muitos crentes julgam desnecessário o estudo desta matéria, afirmando que não nos interessa estudar heresias, mas apenas a Palavra de Deus. Sem querer criticar os que pensam assim, dentre muitos motivos, julgamos alguns suficientes para nos levarem a estudar as religiões e seitas falsas. O seu estudo nos proporciona o seguinte:
1 - Nos capacita a combatê-las .
O Apóstolo Paulo conhecia as falsas doutrinas e foi um árduo lutador no seu combate. Precisamos conhecer o inimigo que vamos enfrentar. Quanto mais conhecemos suas táticas e sua natureza, mais teremos possibilidades de vence-lo. Gl.1.7-9; I Tm.4.1. Porque ? – Para estarmos preparados. Ef. 4.14 ; Hb.13.9.
De Deus vem o bom ensinamento – Dt. 32.1- 4.
Gl.1.7-9 “7 O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo.
8 Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
9 Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.”
I Tm.4.1 “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;”
Ef. 4.14 “Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação;”
Hb.13.9 “Não vos deixeis levar em redor por doutrinas várias e estranhas, porque bom é que o coração se fortifique com graça, e não com alimentos que de nada aproveitaram aos que a eles se entregaram.”
Dt. 32.1- 4 “1 Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras da minha boca.
2 Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva.
3 Porque apregoarei o nome do SENHOR; engrandecei a nosso Deus.
4 Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, porque todos os seus caminhos justos são; Deus é a verdade, e não há nele injustiça; justo e reto é.”
2 – Nos auxilia na Evangelização 
Não sabemos quais os tipos de pessoas que vamos encontrar quando pregamos o Evangelho. Conhecendo suas armas(doutrinas) teremos maior facilidade para falar o amor de Deus. É necessário que o Cristão conheça a verdade para combater a mentira, daí dizer que além do conhecimento das seitas falsas o cristão deve possuir um bom conhecimento da Palavra de Deus.
II Pe 3.18; Ef.4.15; I Pe.2.2.
II Pe 3.18 “Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém.”
Ef.4.15 “Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo,”
I Pe.2.2 “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;”
3-Aumenta a nossa Fé 
Quando nos deparamos com as doutrinas das falsas seitas, na maioria das vezes ridículas e sem fundamentos, temos mais segurança naquilo em que temos crido. II Tm.1.12; Hb. 11.6.
II Tm.1.12  “Por cuja causa padeço também isto, mas não me envergonho; porque eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia.”
Hb. 11.6 “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.”
4-Aumenta a nossa responsabilidade 
O Cristão é individualmente responsável pela busca do conhecimento da verdade e ao combate à mentira . Ser contrário ao erro e a mentira sem estar preparado é falta de responsabilidade cristã. Ef. 6.14-17; II Tm.2.15; I Tm.3.13-16.
Ef. 6.14-17 “14 Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça;
15 E calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
16 Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
17 Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;”
II Tm.2.15 “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”
I Tm.3.13-16 “13 Porque os que servirem bem como diáconos, adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus.
14 Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa;
15 Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.
16 E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória.”
Como Identificar uma Heresia
1 – Desarmonia com a Bíblia – Tudo que contradiz a Bíblia é praticado. 2 – Contradição dos fatos – Histórias e doutrinas baseadas em fatos que não fornecem base para tal. Incredulidade para com ensinamentos em fatos reais , bíblicos ou com raízes bíblicas. Infelizmente muitos bons Cristãos tem sido enganados por coisas tais.
3 – Incoerência lógica – Nada impede que o bom senso e a razão sejam usados em matéria de religião. A Maioria das heresias não resiste a um confronto lógico com a história , a ciência, Bíblia ou com a religião propriamente dita. A Bíblia prevê o surgimento e a evolução das Heresias como um sinal dos tempos. I Tm. 4.1 ; II 2.1.
I Tm. 4.1 “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;”
II 2.1 “Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça que há em Cristo Jesus.”
Como Identificar uma Seita Falsa
1 – JESUS não é o centro das atenções 
As seitas falsas de um modo geral subestimam o valor de Jesus. As seitas orientais têm os seus deuses ou profetas que colocam acima de tudo . Os ocidentais ou substituem Jesus por outro “Cristo” ou colocam o Filho de Deus em posição secundária, tirando-lhe a divindade e os atributos divinos em conseqüência.
Hb.12.2;  “Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus.”
Jo.3.14; “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado;”
Is. 52.13-15; “13 Eis que o meu servo procederá com prudência; será exaltado, e elevado, e mui sublime.
14 Como pasmaram muitos à vista dele, pois o seu parecer estava tão desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua figura mais do que a dos outros filhos dos homens.
15 Assim borrifará muitas nações, e os reis fecharão as suas bocas por causa dele; porque aquilo que não lhes foi anunciado verão, e aquilo que eles não ouviram entenderão.”
Is.53.11-12. “11 Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo, o justo, justificará a muitos; porque as iniqüidades deles levará sobre si.
12 Por isso lhe darei a parte de muitos, e com os poderosos repartirá ele o despojo; porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores.”
2 – Tem outras fontes doutrinárias além da Bíblia –
Crêem apenas em partes da Bíblia. Admitem e aceitam como “inspirados” escritos de seus fundadores ou de pessoas que repartem com eles boa dose daquilo em que crêem. Alguns chegam a desacreditar da Bíblia, da qual fazem muitas restrições.
3 – Dizem serem os únicos certos 
Uma das principais características de uma seita falsa é dizerem sempre que são os únicos certos e sem falhas. Pode ter sido fundada há 5,10,20 ou 100 anos; não importa – é a única certa e ai daqueles que não lerem pela sua cartilha! Tais pessoas deveriam pelo menos ter o cuidado de não serem tão preconceituosas.
4 – Usam de falsa interpretação 
As interpretações que fazem dos textos bíblicos, desprezando os princípios auxiliares da Hermenêutica tem levado inúmeras pessoas as vezes bem intencionadas a fundarem uma seita falsa. De um modo geral isso acontece por total ignorância das regras da interpretação do nosso próprio idioma que são ensinadas em nossos colégios.
Ex. Pv. 26.20 (A) – Mt. 27.52 (53). Jo.16.33 – I Jo.5.4.
Pv. 26.20 (A) “Sem lenha, o fogo se apagará; e não havendo intrigante, cessará a contenda.”
Mt. 27.52 (53) “52 E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que dormiam foram ressuscitados;
53 E, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.”
Jo.16.33 “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”
I Jo.5.4 “Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé.”
5 – Ensinam ao homem a desenvolver sua própria salvação
 - De um modo geral as religiões e seitas falsas ensinam aos homens a se salvarem e a desenvolverem sua própria salvação. Ex. – Buda na Índia aconselhava : Andai no nobre caminho dos oitos passos e vos salvareis. Confúcio – Andai nas veredas pisadas, sede bons cidadãos do império celeste.
Os Egípcios ensinavam : preparai-vos para os julgamentos de Osíris observando a regra de boa conduta. O maometismo recomenda: Firmai-vos junto aos pilares da conduta.
A Bíblia afirma categoricamente : At 4.12; 10.43; I Tm 2.5,6.
6 – São prosiletistas-
At 4.12 “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos.”
At 10.43 “A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome.”
I Tm 2.5,6 “5 Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.
6 O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo.”
Uma das atividades principais das falsas seitas é pescar no aquário dos outros. Com um pouco de sutileza conseguem desencaminhar para o seu meio até mesmo muitos bons cristãos. I Tm.4.1
I Tm.4.1 “Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios;”
INTRODUÇÃO
Heresia
deriva da palavra grega háiresis e significa: “escolha”, “seleção”, “preferência”. Daí surgiu a palavra seita, por efeito de semântica.
Do ponto de vista cristão, heresia é o ato de um indivíduo ou de um grupo afastar-se do ensino da Palavra de Deus e adotar e divulgar suas próprias idéias, ou as idéias de outrem, em matéria de religião. Em resumo, é o abandono da verdade.
O termo háiresis aparece no original em Atos 5.17; 15.5; 24.5; 26.5; 28.22. Por sua vez, “heresia” aparece em Atos 24.11; 1 Coríntios 11.9; Gálatas 5.20 e 2 Pedro 2.1.
Atos 5.17 “E, levantando-se o sumo sacerdote, e todos os que estavam com ele (e eram eles da seita dos saduceus), encheram-se de inveja,”
15.5; “Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era mister circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés.”
24.5; “Temos achado que este homem é uma peste, e promotor de sedições entre todos os judeus, por todo o mundo; e o principal defensor da seita dos nazarenos;”
26.5; “Sabendo de mim desde o princípio (se o quiserem testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu.”
28.22 “No entanto bem quiséramos ouvir de ti o que sentes; porque, quanto a esta seita, notório nos é que em toda a parte se fala contra ela.”
O estudo da heresiologia é importante, sobretudo pelo fato de os ensinos heréticos e o surgimento das seitas falsas serem parte da escatologia, isto é, um dos sinais dos tempos sobre os quais falaram Jesus e seus apóstolos.
O apóstolo Paulo, por exemplo, nos dois primeiros versículos do capítulo quatro da sua primeira epístola a Timóteo, escreve:
“Mas o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos alguns apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras, e que têm cauterizada a própria consciência”.
O apóstolo Pedro escreve também:
“Assim como no meio do povo surgiram falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos mestres, os quais introduzirão dissimuladamente heresias destruidoras, até ao ponto de negarem o Soberano Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o caminho da verdade; também, movidos por avareza, farão comércio de vós, com palavras fictícias; para eles o juízo lavrado há longo tempo não tarda, e a sua destruição não dorme” (2 Pe 2.1-3).
2 Pe 2.1-3 “1 E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição.
2 E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade.
3 E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.”
Uma seita é identificada, em geral, por aquilo que ela prega a respeito dos seguintes assuntos:
1. A Bíblia Sagrada
2. A Pessoa de Deus
3. A queda do homem e o pecado
4. A Pessoa e a obra de Cristo
5. A salvação
6. O porvir
Se o que uma seita ensina sobre estes assuntos não se coaduna com as Escrituras, podemos estar certos de que estamos diante duma seita herética.
Entre as muitas razões para o surgimento de seitas falsas no
mundo, hoje, destacam-se as seguintes:
1. A ação diabólica no mundo (2 Co 4.4).
2 Co 4.4 “Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.”
2. A ação diabólica contra a Igreja (Mt 13.25).
Mt 13.25 “Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se.”
3. A ação diabólica contra a Palavra de Deus (Mt 13.19).
Mt 13.19 “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”
4. O descuido da Igreja em pregar o Evangelho completo (Mt 13.25).
Mt 13.25 “Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se.”
5. A falsa hermenêutica (2 Pe 3.16).
2 Pe 3.16 “Falando disto, como em todas as suas epístolas, entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras, para sua própria perdição.”
6. A falta de conhecimento da verdade bíblica (1 Tm 2.4).
1 Tm 2.4 “Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.”
7. A falta de maturidade espiritual (Ef 4.14).
Ef 4.14 “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.”
Esperamos, pois, que a leitura deste livro possa de alguma forma ajudar àqueles que estão à procura da verdade libertadora, Jesus Cristo (Jo 8.38).
Jo 8.38 “Eu falo do que vi junto de meu Pai, e vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai.”
I – O CATOLICISMO ROMANO
Até há bem pouco tempo, os melhores livros escritos sobre seitas e heresias não incluíam a Igreja Católica Romana no seu esquema de estudos, talvez devido ao fato de grande parte deles terem sido escritos em países onde essa igreja não exercia suficiente influência para ser notada como tal. Não é esse o caso do Brasil, onde a grande maioria dos membros de nossas igrejas, teoricamente, veio do catolicismo romano, já que essa igreja é majoritária (pelo menos nominalmente) em nossa pátria desde o seu descobrimento, em 1500.
I. RESUMO HISTÓRICO DO CATOLICISMO
A Igreja Católica menciona o ano 33 d.C. como a data da sua fundação. Isto vem do fato de que toda ramificação do Cristianismo costuma ligar a sua origem à Igreja fundada por Jesus Cristo. Porém, quanto ao desenvolvimento da organização eclesiástica e doutrinária da Igreja Romana, é muito difícil fixar com exatidão a data de sua fundação, porque o seu afastamento das doutrinas bíblicas deu-se paulatinamente.
1.1. COMEÇO DA DEGENERAÇÃO
Durante os primeiros três séculos da Era Cristã, a perseguição à Igreja verdadeira ajudou a manter a sua pureza, preservando-a de líderes maus e ambiciosos. Nessa época, ser cristão significava um grande desafio, e aqueles que fielmente seguiam a Cristo sabiam que tinham suas cabeças a prêmio, pois eram rejeitados e perseguidos pelos poderosos. Só os realmente salvos se dispunham a pagar esse preço.
Graças à tenacidade e coragem dos Pais da Igreja e dos famosos apologistas cristãos, o combate da Igreja às heresias que surgiram nessa época resultou numa expressão mais clara da teologia cristã. Quando os imperadores propuseram-se a exterminar a Igreja Cristã, só os que estavam dispostos a renunciar o paganismo e a sofrer o martírio declaravam sua fé em Deus.
Logo no início do século IV, Constantino ascendeu ao posto de imperador. Isso parecia ser o triunfo final do Cristianismo, mas, na realidade, produziu resultados desastrosos dentro da Igreja. Em 312, Constantino apoiou o Cristianismo e o fez religião oficial do Império Romano. Proclamando a si mesmo benfeitor do Cristianismo, achou-se no direito de convocar um Concilio em Nicéia, para resolver certos problemas doutrinários gerados por determinados segmentos da Igreja. Nesse Concilio foi estabelecido o chamado “Credo dos Apóstolos”.
1.2. CAUSAS DA DECADÊNCIA DA IGREJA
A decadência doutrinária, moral e espiritual da Igreja começou quando milhares de pessoas foram por ela batizadas e recebidas como membros, sem terem experimentado uma real conversão bíblica. Verdadeiros pagãos que eram, introduziram-se no seio da Igreja trazendo consigo os seus deuses, que, segundo eles, eram o mesmo Deus adorado pelos cristãos.
Nesse tempo, homens ambiciosos e sem o temor de Deus co- meçaram a buscar posições na Igreja como meio de obter influência social e política, ou para gozar dos privilégios e do sustento que o Estado garantia a tantos quantos fizessem parte do clero. Deste modo, o formalismo e as crenças pagas iam-se infiltrando na Igreja até o nível de paganizá-la completamente.
1.3. RAÍZES DO PAPADO E DA MARIOLATRIA
Desde o ano 200 a.C. até o ano 276 da nossa Era, os impera- dores romanos haviam ocupado o posto e o título de Sumo Pontífice da Ordem Babilônica. Depois que o imperador Graciano se negara a liderar essa religião não-cristã, Dâmaso, bispo da Igreja Cristã em Roma, foi nomeado para esse cargo no ano 378. Uniram-se assim numa só pessoa todas as funções dum sumo sacerdote apóstata e os poderes de um bispo cristão.
Imediatamente depois deste acontecimento, começou-se a pro- mover a adoração a Maria como a Rainha do Céu e a Mãe de Deus. Daí procederam todos os absurdos romanistas quanto à humilde pessoa de Maria, a mãe do Salvador.
Enquanto se desenvolvia a adoração a Maria, os cultos da Igreja de Roma perdiam cada vez mais os elementos espirituais e a perfeita compreensão das funções sobrenaturais da graça de Deus. Formas pagas, como a ênfase sobre o mistério e a magia, influenciaram essa igreja. O sacerdote, o altar, a missa e as imagens de escultura assumiram papel de preponderância no culto. A autoridade era centralizada numa igreja dita infalível e não na vontade de Deus, conforme expressada pela sua Palavra.
1.4. O CISMA ENTRE O ORIENTE E O OCIDENTE
O cisma entre o Oriente e o Ocidente logo tornou-se evidente. O rompimento final aconteceu, em 1054, com a Igreja Ocidental, ou Romana, sediada em Roma, então Capital do Império, por parte da Igreja Oriental, ou Ortodoxa, que assim separou-se da Igreja Romana, ficando sediada em Constantinopla, hoje Istambul, na Turquia. A Igreja Oriental guardou a primazia sobre os patriarcados de Jerusalém, Antioquia e Alexandria.
Desde então, a Igreja Romana, nitidamente desviada dos prin- cípios ensinados por Jesus no seu Evangelho, esteve como um barco à
deriva, sem saber onde aportar. Até que veio a Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero. Foi mais um cisma na já combalida Igreja Romana.
II. PAGANIZAÇÃO DA IGREJA ROMANA
Note a seguir o processo da gradual paganização da Igreja Católica Romana, desde que ela começou a abandonar a simplicidade do Evangelho de Cristo, até os nossos dias:
Século
Ano
Dogma ou Cerimônia
I-II
33-196
Nesse período da História, a Igreja não aceitou ne- nhuma doutrina anti-bíblica.
II
197
Zeferino, bispo de Roma, começa um movimento herético contra a divindade de Cristo.
III
217
Calixto se torna bispo de Roma, pondo-se à frente da propaganda herética e levando a Igreja de Roma para mais longe do caminho de Cristo.
III
270
Origem da vida monástica no Egito, por Santo Antônio.
IV
370
Culto dos santos professado por Basílio de Cesaréia e Gregório de Nazianzo. Primeiros indícios do turíbulo (incensário), paramentos e altares nas igre- jas, usos esses introduzidos pela influência dos pagãos convertidos.
IV
400
Orações pelos mortos e sinal da cruz feito no ar.
V
431
Maria é proclamada a “Mãe de Deus”.
VI
593
O dogma do Purgatório começa a ser ensinado.
VI
600
O latim passa a ser usado como língua oficial nas VI celebrações litúrgicas.
VII
609
Começo histórico do papado.
VIII
758
A confissão auricular é introduzida na igreja por re- ligiosos do Oriente.
VIII
789
Início do culto das imagens e das relíquias.
IX
819
A festa da Assunção de Maria é observada pela pri- meira vez.
IX
880
Canonização dos santos.
X
998
Estabelecimento do Dia de Finados.
X
998
Quaresma.
X
1000
Cânon da Missa.
XI
1074
Proíbe-se o casamento para os sacerdotes.
XI
1075
Os sacerdotes casados devem divorciar-se, compulsoriamente, cada um de sua esposa.
XI
1095
Indulgências plenárias.
XI
1100
Introduzem-se na igreja o pagamento da missa e o culto aos anjos.
XI   1115   A confissão é transformada em artigo de fé.
XII
1025
Entre os cônegos de Lião aparecem as primeiras idéias da Imaculada Conceição de Maria.
XII
1160
Estabelecidos os 7 sacramentos.
XII
1186
O Concilio de Verona estabelece a “Santa Inquisição”.
XII
1190
Estabelecida a venda de indulgências.
XII
1200
Uso do rosário por São Domingos, chefe da inquisição.
XII
1215
A transubstanciação é transformada em artigo de fé.
XIII
1220
Adoração à hóstia.

Ministério de Madureira