sábado, março 09, 2013

“Fui traída, mas em Cristo venci”


“Logo no início do casamento, meu esposo começou a me trair, mas não gerava muitos transtornos a nós. No entanto, quando os anos se passaram e já tínhamos o nosso segundo filho, ele passou a ficar com a consciência pesada pelo ato cometido, e, por isso, ficava desconfiado de que eu pudesse cometer o mesmo erro. Foi então que o nosso relacionamento começou a entrar em crise.
Passamos a brigar todos os dias. Não éramos cristãos e parecia que em algumas das nossas discussões ele era tomado por um espírito maligno. Recordo de um momento em que ele pegou um machado para me matar. Para impedir o desastre, meus filhos entraram na nossa frente.  Eram brigas constantes.
Em outras ocasiões, meu marido pegava tesoura, facão ou outros tipos instrumentos cortantes para me matar, mas em todas as vezes um dos nossos filhos impediam. Houve noites em que ele dormiu com um facão debaixo do travesseiro e, por isso, tinha que deitar na cama com roupas compridas, receosa que ele fizesse algo. O pesadelo parecia não ter fim e a cada dia as coisas pioravam. Aconteceu um episódio crítico em que meu marido tentou me amarrar, em uma das colunas da casa, e colocar fogo em mim.
Pensava em me separar, mas ficava preocupada com meus filhos. Cheguei a sair de casa três vezes, mas em todas as minhas fugas ele me encontrava e era obrigada a retornar. A cada uma dessas tentativas frustradas, sentia-me mais triste. Comecei a ficar deprimida e a entrar em trauma profundo. Não tinha cabeça para trabalhar, porque ele me perseguia e vigiava por causa do ciúme excessivo.
Minhas tribulações só pareciam piorar, quando então tive uma visão. Avistei Jesus no meio das nuvens me chamando para perto dele. A partir dessa experiência, passei a ler a Bíblia e a buscar Deus. Passei a ir a uma igreja católica perto da minha casa e achei que as circunstâncias melhorariam, mas tudo pareceu ainda mais difícil. Recordo que estava indo à igreja no carro com o Josevaldo e ele tentou jogar o carro contra o poste. Parecia uma cena demoníaca. Tive que pular do carro antes que um desastre acontecesse.
Entrei numa profunda depressão, pedi demissão do meu trabalho e fomos morar em Porto Seguro (Ba). Achava que a mudança para outro lugar diminuiria os ciúmes dele por mim, mas os transtornos persistiram.
Fui a uma igreja cristã perto da nossa casa e decidi entregar a minha vida a Jesus. Nas reuniões meu marido parecia um doce, mas quando saíamos de lá, as brigas retornavam. As minhas orações eram sempre as mesmas: “Deus me tira dessa vida. Não aguento mais.”
Em uma das nossas brigas, fui me refugiar na casa de um familiar. Venho de um lar católico e fui a primeira da família a entregar a vida para Jesus. Eles me criticavam por permanecer casada com Josevaldo e diziam para mim a seguinte frase. “Que Deus é esse que não muda o seu casamento?” Sentia-me completamente sozinha.
Quando achava que não dava mais, comecei a ter sonhos em que via uma grande igreja e a cidade de Belo Horizonte à minha frente. O Espírito Santo me disse que era para vir para Minas Gerais. Fugi mais uma vez do meu marido com os meus dois filhos para a capital mineira.
Cura e restauração
Casamento de Aclenir no civil com Josevaldo e os filhos
Não tinha nenhum conhecido na cidade e também nenhum trabalho em vista, mas obedeci a direção de Deus para minha vida. Era o ano de 2001, e cheguei à rodoviária de BH com 37 anos e dois filhos adolescentes para cuidar. Tinha apenas R$100,00 no bolso. Alugamos um quarto e ficamos ali sem colchão ou qualquer móvel. Começamos a sobreviver com algumas costuras que eu fazia.
Um dia uma vizinha me convidou para participar de uma Célula e depois me levou a um culto da igreja Batista da Lagoinha. Quando cheguei naquele lugar meu coração começou a queimar. O pastor Márcio estava pregando. Olhei para ele e pensei comigo mesma: “Nunca vi um pastor tão amoroso!” Resolvi entregar novamente a minha vida a Jesus.
Comecei aprender mais da Palavra e levar meus filhos para a casa de Deus. Meus filhos tinham raiva do pai por tudo aquilo que ele havia feito, mas eu procurava ensinar a eles sobre o perdão. Comecei a frequentar cursos e treinamentos da Lagoinha. Havia tanta dor no meu coração e tantos traumas, mas Jesus começou a me curar e sarar as feridas. A cura também se estendeu na vida dos meus filhos. Eles eram muito rebeldes por tudo aquilo que eles haviam sofrido e visto, mas Deus também começou a agir na vida deles.
Começamos a servir na casa de Deus e ter nossa história mudada. Já haviam passado 11 anos, desde que fugi do meu marido, e meus filhos começaram a ter contato com o pai. Durante as ligações eu não falava nada, só ouvia o que eles diziam. Observava se ele havia mudado ou se estava o mesmo homem.
Com o tempo percebi que era necessário conversar com o pai dos meus filhos. Precisávamos restabelecer a relação. Passei a orar a respeito desse assunto e senti que Deus estava me levando à reconciliação. Meus filhos ligaram para o pai, mas ele não atendia a ligação. Orávamos para que ele atendesse ao telefone.
Ele nos conta que neste dia estava no bar e sentiu algo levá-lo para a casa. Ele chegou à sua residência e atendeu a nossa ligação. Enquanto falava com meus filhos, fiquei em oração. Ele pediu para falar comigo pela primeira vez, dentre todos os telefonemas. Conversamos e o Josevaldo resolveu vender tudo em Porto Seguro e vir para Minas.
Ele chegou à nossa casa e ficou alguns minutos em silêncio. Era um momento muito emocionante, já havia se passado 11 anos longe. Ele me pediu em casamento novamente, mas esperei que ele conhecesse Jesus. Foi ao Impacto Vida e desde então tem caminhado com Cristo.
Casamos-nos no cartório pela segunda vez em agosto de 2012. Nossos filhos foram padrinhos. Tudo foi obra do Senhor. Hoje, ele me diz que me ama mais do que a primeira vez que estivemos juntos. Nossa sorte foi restaurada e caminhamos juntos na obra de Deus.”
::Aclenir Araújo
Adaptação e degravação: Érica Fernandes