segunda-feira, outubro 10, 2016

Nossas buscas, nossas recompensas

“Não me envolvo com coisas grandiosas nem maravilhosas demais para mim.” (Salmos 131.1b)

Interessante a escolha do salmista. Ele quer simplicidade, quer tempo e envolvimento com o que é pequeno. Quer a pequenez e não a altivez. Não quer perder o encantamento com a grandeza de Deus por dedicar-se a grandezas falsas. Não quer dar espaço ao orgulho e à presunção. Não quer sentir-se o tal, não quer impressionar, não quer impressionar-se. Uma atitude diferente do que comumente vemos em nosso mundo, desde o tempo do salmista e antes dele! O ser humano há muito, carrega dentro de si sonhos de grandeza. Ideias de poder e anseios de suficiência. Fomos criados à imagem de Deus e há, por isso, uma grandeza inata em nós. Mas nossa distância do Criador nos cega para o verdadeiro valor que temos aos Seus olhos. Sem isso nos sentimos necessitados de coisas grandiosas para nos sentirmos grandes. Perdemos de vista a paz e o contentamento de sermos pequenos e amados pelo Grande Deus.

Quando pensamos em Jesus e o vemos em ação nos Evangelhos, o percebemos o tempo todo voltando-se para as pequenas coisas e tratando as coisas grandiosas como coisas de pouca importância. Ao fazer isso Ele está nos dizendo que há coisas que aos nossos olhos parecem grandes, mas que, na verdade, são pequenas. E também que há coisas que aos nossos olhos parecem pequenas, mas que, na verdade, são grandes. Não temos olhos para reconhecer a grandeza das pequenas coisas e nem a pequenez das grandes segundo o Reino de Deus, pois o reino que criamos é antagônico a ele. Criamos um reino de gente grande enquanto o Reino de Deus é o Reino dos pequeninos, em que a criança está no centro. Em nosso reino o poder e as aparências governam. No de Deus, o amor e a verdade. Jesus deu autoridade aos discípulos para curarem e expulsarem demônios – poder. Mas os advertiu: Alegrem-se, todavia, não por isso, mas porque seus nomes estão escritos nos céus – amor (Lc 10.19-20).

O salmista nestas palavras foi, na verdade, um profeta. Falou do Filho de Deus entre nós. Traduziu em sua poesia o coração de Jesus. Foi Ele quem, verdadeiramente, viveu a poesia do salmista. Sendo o dono de tudo, nada possuiu entre nós, nem um pequeno lugar onde pudesse repousar a cabeça (Lc 9.58). Sendo Senhor, serviu como nenhum de nós jamais serviu. Deveríamos morrer por Ele, mas foi Ele quem morreu por nós. Seu berço e seu túmulo foram emprestados. Chegou e saiu sem posses. Veio conquistar vidas! É de Jesus que o salmista está falando. Se olharmos mais a vida com Seus olhos, sofreremos menos pelas coisas erradas e buscaremos mais as coisas certas. Seremos mais gratos e celebraremos mais. Haverá mais paz em nossa vida e perderemos menos tempo com bobagens. O que nos falta não é ambição. Falta-nos simplicidade. Tenhamos cuidado com nossas buscas. Elas definem nossas recompensas.

ucs