Nicodemos era considerado uma autoridade espiritual no meio de seu povo. E é claro que tinha seus referenciais a respeito de quem era Deus. Talvez Jesus fosse um homem de Deus. Como ter certeza? Nicodemos foi até Jesus para verificar. O problema é que Jesus muitas vezes complicava as coisas. Por um lado demonstrava poder, realizando sinais e maravilhas no meio do povo, mas por outro tinha o péssimo hábito de discordar e conflitar com as autoridades religiosas. E tinha mais: Jesus não guardava o sábado, não se preocupava com os cerimoniais de purificação e, em Seus discursos, muitas vezes colocava religiosos como Nicodemos em sérias dificuldades. Imagine o absurdo da parábola do samaritano! Nela Jesus enaltece a atitude de um desqualificado, de um samaritano, e coloca duas autoridades religiosas, um levita e um sacerdote, em situação bem delicada. Mas, de alguma forma, Nicodemos sentia “cheiro” de Deus em Jesus. Resolveu então ver isso de perto!
Ele visita Jesus à noite. Ele precisava ter certezas sobre Jesus, mas não queria comprometer-se. Queria uma proximidade com certa distância. Assim evitaria problemas. Seja por convicção ou apenas como uma forma de conquistar a simpatia de Jesus, ele o chama de Mestre. Em seguida revela um interessante princípio: Para ele os milagres realizados por Jesus eram a grande evidência de que Deus estava com o Mestre. Para Nicodemos, onde há demonstração de poder e o milagre acontece, alí está Deus agindo. O poder era tudo que Nicodemos conhecia sobre Deus. O Deus de Abraão, Isaque e Jacó era o Deus Todo Poderoso. Não é preciso ser um mestre religioso para se ter este tipo de referencial a respeito de Deus. Se há algo que relacionamos a Deus com facilidade são demonstrações de poder e coisas espetaculares. A escola de Nicodemos tem muitos alunos até hoje. Esta é a Fórmula de Nicodemos: Deus é poder.
Assim, onde o poder é demonstrado, ali Deus está! Que grande engano! No Reino de Deus o ponto de referência não é o poder, é o amor. Deus é poderoso, mas Sua revelação a nós se dá pelo amor. Ele nos deu Seu Filho porque nos amou tanto (Jo 3.16). Paulo, também uma autoridade como Nicodemos, deixou-se vencer pelo amor ao conhecer Jesus e mudou seus referenciais (1 Co 13.1-3). O Reino de Deus não é sinônimo de Reino dos Sinais e Maravilhas, mas de Reino do Amor! Por isso Jesus parece tão controverso a Nicodemos e seus amigos autoridades religiosas: Jesus é mais dedicado ao amor que ao poder. Quando cura, pede segredo. Mas é abertamente amigo de publicanos, mulheres chamadas de “pecadoras”, e dado a crianças! Ele não se prende ao sábado, mas às pessoas por quem o sábado foi criado. Ele ensina insistentemente um único mandamento: Amem-se uns aos outros como eu amei vocês (Jo 15.12). A fórmula de Nicodemos estava errada. E você? Tem alguma fórmula espiritual? De quem a aprendeu? O que ela tem a ver com Jesus?
ucs