A criação do homem foi um ato voluntário de Deus. Movido pelo amor, Deus decidiu criar o homem a sua imagem e sua semelhança. Fez sem pedir conselhos a ninguém. A suprema justificação para toda a criação é que Deus desejou sua existência. A humanidade teve o seu parto no berço do coração de Deus. Deus formou o homem do solo (a ciência tem demonstrado que as substâncias do corpo humano contêm os mesmos elementos químicos do solo). O homem é considerado a coroa da criação de Deus.
Considerando que em outras criaturas temos senão o rastro dos Seus passos, no homem temos o desenho de Sua mão. Além de dar a vida, Deus presenteou o homem com dádivas singulares que o distingue dos outros seres vivos. O homem não é obrigado a obedecer a seus instintos como os animais, pois recebeu o magnífico presente do livre-arbítrio, uma eqüidependência perfeita que o capacita a escolher e determinar o itinerário da sua vida. Deus dotou o homem de sabedoria. O que a onipotência forjou, temos a onisciência para ratificar. Deus inspecionou e chegou à conclusão de que tudo criado era sobejamente bom. Há quem diga que “um Aristóteles era apenas o lixo de um Adão, e Atenas, apenas os rudimentos do paraíso”.
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Todavia, o homem não soube retribuir todo este amor e a sua resposta foi a pior possível: ingratidão, o pecado da amnésia do coração. Desobedeceu à única ordem que Deus estabeleceu, ignorou as recomendações do Criador, foi seduzido pela persuasão da diabólica serpente. O homem não nasceu torto, aprendeu as curvas e sinuosidades com a serpente. Não se contentou com o seu posto, apesar de ser uma criatura magnífica, que exibia esplendor, distinta das demais criaturas, o homem ambicionou ser igual a Deus. O veneno que nasceu nas profundezas da mente sombria de Lúcifer, foi injetado no coração do homem e o infectou.
O homem pecou contra Deus! Juridicamente falando era réu de juízo, moralmente falando, não era digno de ostentar o posto de imagem e semelhança de Deus. O juízo o aguardava! O açoite da condenação esta em prontidão, esperando a hora de se manifestar. No entanto, Deus aparece na cena do Éden para suavizar aquele acontecimento tétrico e com brandura anuncia o juízo. Não isenta o homem dos castigos, mas livra-o da condenação absoluta. Revela seu juízo e amor simultaneamente, mostra sua justiça e sua graça. Anuncia o veneno que o pecado trouxe em seu corolário, entretanto, certifica-se que providenciará o antídoto. O veneno surge e logo em seguida o soro é apresentado. A promessa da redenção que tem sua origem no Éden é o prólogo da teologia da graça estampada nas Escrituras. As raízes da graça inefável e superabundante de Deus nos remetem ao Éden.
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Envergonhado, o homem que antes caminhava gloriosamente sobre as trilhas magníficas do Éden, depois de expulso, manqueja cabisbaixo por terras desconhecidas que nem de longe exibem o esplendor do Paraíso. Mas, Deus, movido pelos ideais da graça não desiste do ser humano e fornece à humanidade através de Jesus a realidade da redenção. Só entende a profundidade da graça imprimida no Éden quando se volta os olhos para o Calvário. A graça principia no Éden, atinge o ápice no calvário e se eterniza no coração daqueles que conseguem discernir esta revelação e aceitam voluntariamente o amor que a graça dispensa sobre o ser humano.