quarta-feira, novembro 23, 2011

Não só de remédios vive o idoso


Um reflexão sobre a vida espiritual na Melhor Idade
Na carta dirigida ao povo de Deus espalhado por várias províncias da Turquia, Pedro não se mostra preocupado com a saúde, a segurança e o bem-estar dos idosos. Ele não dá os costumeiros conselhos: tomem o remédio certo na hora certa, não comam demais, cuidado para não cair, andem devagar, distraiam-se etc. A preocupação do apóstolo é com a vida espiritual daqueles que estão em idade avançada: “De agora em diante, vivam o resto da sua vida aqui na terra de acordo com a vontade de Deus e não se deixem dominar pelas paixões humanas” (I Pe 4.2, NTLH.).

Em vez de “resto da vida”, outras versões preferem dizer: “resto da sua vida corporal” (HR), “resto da vida mortal” (CT), “resto de seus dias na carne” (BJ), “resto do tempo cá na terra” (J.B.Phillips), “restante de sua vida corporal” (CNBB).

Esses idosos estão na etapa final da jornada, da peregrinação e da estadia. Eles ainda estão no exílio, ainda são migrantes, ainda se acham fora da pátria, ainda são peregrinos e forasteiros, porém estão, naturalmente, mais próximos da Canaã celestial do que os outros.

Não é apenas neste versículo que Pedro se dirige aos idosos. No primeiro capítulo da carta ele escreve: “Durante o resto da vida de vocês aqui na terra tenham respeito a ele” ou “portem-se com temor” (I Pe 1.17.).

Teriam sido necessárias essas advertências do apóstolo dirigidas a pessoas de idade avançada e limitadas em seu vigor físico? À luz do Eclesiastes, Pedro tem toda razão: “O coração do homem está cheio de maldade e de loucura durante toda a vida” (Ec 9.3.). Segundo Lutero, a inclinação para o mal, com a qual todos nascem, “não pode ser extinta enquanto vivemos – pode ser diminuída dia a dia, mas extinta não pode”. Pedro reforça a sua exortação com um argumento válido: “No passado vocês [agora idosos] já gastaram bastante tempo fazendo o que pagãos gostam de fazer.

Naquele tempo vocês viviam na imoralidade, nos desejos carnais, na bebedeira, nas orgias, nas embriaguez e na nojenta adoração de ídolos” (1Pe 4.3.). Com a diáspora foram libertados do poder da escuridão e trazidos em segurança para a outra esfera de vida, para a maravilhosa luz de Cristo (1Pe 2.9; Cl 1.13.). Para compensar o “bastante tempo” na carne, os velhinhos de Pedro deveriam viver o resto de seus dias no Espírito!

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