Cheguei ao aeroporto de Brasília duas horas antes da decolagem. Desfrutava da companhia de um bom livro quando uma senhora, trazida pelo funcionário de uma empresa aérea, acomodou-se no banco ao lado. Passados alguns minutos, o celular dela tocou. Ela atendeu dizendo que estava bem, que aguardava o embarque e havia sido ajudada por um funcionário da companhia aérea. Supus que ela falava com uma filha e comecei a pensar nessa inversão: os pais cuidam dos filhos, que um dia cuidarão dos pais.
Quando trabalhávamos com o curso “Casados Para Sempre”, um instrumento de Deus para abençoar as famílias, dizíamos aos casais que “família é bênção!”. Alguns tinham dificuldade de acreditar nisso porque estavam feridos, mas repetíamos aquilo que havíamos descoberto: “família é de Deus!” Meus avós maternos saíram da região de Além Paraíba e foram para o Rio em 1936. Ainda que a vida no interior fosse dura, com cinco filhos e pouco dinheiro esse recomeço foi bastante penoso. É difícil imaginar uma rotina sem qualquer estrutura: sem água, esgoto, luz, telefone, transporte. Admiro a fibra e a coragem dessas pessoas.
Mamãe foi a caçula dos seis filhos. Sempre moramos no mesmo terreno que meus avós, o que me deu a oportunidade de uma convivência bem próxima com eles. Nos fins de semana, o costume era casa cheia, muita comida e agitação. Pensava-se mais no presente do que no futuro, mais na festa que nos compromissos e ter dívidas era algo muito natural para aquelas pessoas que eu amava.
Foi nesse ambiente que minha personalidade foi forjada. Quando me casei, minha esposa tinha uma forma de lidar com o dinheiro mais responsável, menos gastadora, porém não foi difícil convencê-la a agir do meu jeito: gastar primeiro e chorar depois.
Howard Dayton tem um ótimo livro sobre finanças: “O Seu Dinheiro”. A leitura é fácil, o conteúdo é abrangente e tem boa base bíblica. Dayton diz “Jamais encontrei alguém que tivesse atitudes mais erradas ou que lidasse com as próprias finanças de forma mais contrária às Escrituras do que eu mesmo”. Ele afirma também que às vezes Deus permite uma pessoa trabalhar num determinado ministério porque tem grande necessidade de ser transformada nessa área. Esse é exatamente o nosso caso. Passamos por uma experiência de separação, tivemos a família restaurada e pela misericórdia de Deus trabalhamos com casais. Também lidávamos com o dinheiro de forma desastrosa, fomos transformados e o Senhor permitiu ensinarmos o que sua Palavra diz sobre finanças. Os cônjuges devem investir em seus relacionamentos para usufruírem da bênção de Deus em seu lar. Isso significa obedecer à Palavra e deixar velhos erros. Uma pesquisa da revista Forbes, por exemplo, aponta que há muita infidelidade financeira entre os casados. Dos que responderam que traem seus parceiros, as ocorrências mais comuns são: esconder dinheiro (58%), pequenas compras (54%) e contas (30%).
Alguns também admitiram esconder grandes compras (16%), manter contas secretas (15%) e mentir sobre suas dívidas e rendas (11%). Essas práticas afetam os relacionamentos conjugais à medida em que diminuem a confiança entre o casal. Na pesquisa, 67% dos casais afetados pela infidelidade financeira afirmam que as mentiras geram discussões e conflitos. Não bastasse esse risco de dano ao casamento, os pais precisam entender que os maus exemplos são copiados pelos filhos, pois nossas atitudes funcionam como validadoras de nossas escolhas. Assim, os filhos prosseguem mesmo quando sentem que estão fazendo escolhas erradas, justificando que estão agindo debaixo da cobertura do exemplo dos pais.
Como a alegria e a tristeza, a saúde e a doença, e a riqueza e a pobreza são fatos comuns em nossas vidas, os casais devem aprender a lidar com esses sentimentos e situações, e não há mestre melhor que o Senhor. “Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma; atai-as por sinal na vossa mão, para que estejam por frontal entre os olhos. Ensinai-as a vossos filhos, falando delas assentados em vossa casa, e andando pelo caminho, e deitando- vos, e levantando-vos.” (Deuteronômio 11.18-19.)
Muito obrigado Jesus!
Um forte abraço e que o Senhor te abençoe!
:: por Pr. Célio Fernando
