Entenda por meio desta reflexão como a cultura do mundo prega o contrário da realidade Bíblica, de que maior é aquele que serve do que é servido
Certa vez, quando nossos filhos eram pequenos, uma mulher bateu à nossa porta pedindo ajuda. Além de mantimento, perguntou se havia algum brinquedo que pudesse ser dado para as duas crianças que trazia. Nossa filha correu para o quarto e logo abriu mão de sua boneca mais nova. Nosso filho, após insistirmos muito com ele, com lágrimas nos olhos entregou um carrinho velho, quebrado, sem rodas.
Os filhos não são cópias idênticas dos pais, eles são seres únicos. Ainda que tenham algumas semelhanças conosco, é curioso constatar como eles tendo os mesmos pais podem ser tão diferentes entre si. As crianças são indivíduos em formação que precisam ser apoiados e ensinados. Com relação àquilo que Deus quer fazer em nós e através de nós, também precisamos do auxílio e do ensino do Senhor.
Todos nós sentimos necessidades ao longo da vida. Temos necessidades físicas, de segurança, de afetos, de reconhecimento, de realização pessoal e devemos escolher entre suprí-las como quem está se afogando (e para se salvar sobe em quem estiver por perto, empurrando-o para baixo) ou caminharmos cooperando com os que estiverem nessa jornada, ainda que com dano próprio.
Boa parte da vida gira em torno do dinheiro e da posse de bens. Nossa cultura sugere que usemos as pessoas e amemos as coisas. O coração enganoso e egoísta do homem prioriza a realização de suas necessidades e desejos, por isso, muitas pessoas despendem um grande esforço para conseguir bens materiais e se apegam a eles com facilidade. A vida não se resume em ter coisas, mas o ser humano é consumido por essa ideia.
A esse respeito, Tozer diz que: “Antes de o Senhor Deus criar o homem sobre a face da terra, primeiramente preparou tudo para ele, criando inúmeras coisas úteis e agradáveis, para seu sustento e deleite. Foram feitas para serem utilizadas pelo homem, mas deviam sempre ser exteriores ao homem, e subservientes a ele. Isso porque, no mais recôndito do seu coração, havia um santuário que somente Deus era digno de ocupar. Dentro do homem achava-se Deus; e fora, milhares de dons que o Senhor derramara sobre ele, como chuva.” E continua: “O pecado, entretanto, trouxe complicações, e transformou esses dons de Deus em potenciais de ruína para a alma. Nossos “ais” tiveram começo quando o homem forçou Deus a sair de seu santuário central, e deu permissão às “coisas” de ali penetrar. Uma vez dentro do coração humano, as “coisas” passaram a imperar. O homem, por natureza, não mais goza de paz em seu coração, pois Deus não se acha mais entronizado ali; pelo contrário, na obscuridade moral da alma humana, usurpadores teimosos e agressivos lutam entre si, procurando ocupar esse trono”.
John Wesley disse: “Valorizo todas as coisas apenas pelo ganho que elas facultarão na eternidade”. Colocar as coisas acima das pessoas é uma deturpação e uma afronta a Deus. Ao contrário da crença geral, o acúmulo de bens não nos distingue como indivíduos melhores ou mais abençoados. Nunca foi intenção do Senhor nos conceder bênçãos apenas para nós mesmos, mas a bondade do Deus que faz “nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” nos convida a compartilhar (Mt 5.45).
Charles Kerman, filósofo cristão, diz que “nada do que tocamos é eterno”. Ainda que não reconheçamos isso, temos uma necessidade espiritual da qual são sombras todas as nossas demais necessidades, ou seja, as coisas não podem suprir essa carência.
Apenas Cristo tem a resposta para o nosso maior anseio. “Então, perguntou Jesus aos doze: Porventura, quereis também vós outros retirar-vos? Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido e conhecido que tu és o Santo de Deus”. (João 6.67-69.)
Só Jesus é a resposta à nossa maior necessidade: “Tendo Jesus falado estas coisas, levantou os olhos ao céu e disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que o Filho te glorifique a ti, assim como lhe conferiste autoridade sobre toda a carne, a fim de que ele conceda a vida eterna a todos os que lhe deste. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste”. (João 17.1-3.)
Obrigado Jesus!
Um forte abraço e que o Senhor te abençoe!
:: Por Pr. Célio Fernando
Fonte: Jornal Atos Hoje.