Texto Áureo -
“Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria
tinham paz e eram edificadas; e se multiplicavam, andando no temor do
Senhor e na consolação do Espírito Santo”. Atos 9.31
Verdade Aplicada
O temor a Deus deve ser acompanhado da procura em conhecer a Sua vontade e da prática da mesma.
Glossário
Conciliar: Estar em acordo, harmonia;
Retraimento: Recuar; ausentar-se;
Sincretismo: Fusão de diferentes religiões, doutrinas e cultos, cujos elementos permanecem com interpretações próprias.
Textos de Referência.
Salmos 86.11; 128.1; Ec 12.13; 2Co 7.1; 2Pe 2.17
Salmos 86.11
11 Ensina-me, Senhor, o teu caminho, e andarei na tua verdade; une o meu coração ao temor do teu nome.
Sl 128.1
1 Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos.
Ec 12.13
13 De tudo o que se tem ouvido, o fim é: teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem.
2Co 7.1
1 Ora, amados, pois que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda
imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santificação no temor
de Deus.
2Pe 2.17
17 Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai o rei.
Hinos sugeridos.
397, 432, 434
Introdução
Num tempo de banalização do Evangelho e desrespeito, reflitamos à luz da
Palavra de Deus sobre este tema tão presente nas Escrituras, porém,
muitas vezes compreendido de forma distorcida e equivocada.
1. Temer a Deus: significados e valor.
O que significa temer a Deus? Como conciliar os textos bíblicos que
enfatizam a necessidade de a pessoa temer a Deus e o que está exposto em
1João 4.18: “a perfeita caridade lança fora o temor”? Porém, a Palavra
de Deus não se contradiz.
1.1. Os significados e diversos sentidos da palavra temor.
Considerando a existência de diversos temas derivados, tanto a partir de
palavras no hebraico como no grego, encontrados na Palavra de Deus, é
importante estarmos atentos ao contexto no qual se encontram as palavras
traduzidas por “temor” ou “temer”. Alguns sentidos de expressões
hebraicas, como yãre ou môrã: “ter medo; ter grande temor; ter grande
respeito por; medo”. Exemplos do termo usado como “medo” (Gn 32.11; Dt
2.25; Jn 1.10). assim como também há exemplos no Novo Testamento do uso
da palavra “temor” no sentido de “medo” (gr. deilia ou phobeo),
“covardia ou timidez” (2Tm 1.7) ou “mostrar medo reverente de homens”
(Mc 6.20).
1.2. Temer a Deus.
Diferentemente de todo o restante da criação, o ser humano foi criado à
imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26-27). O Criador o visitava, falava
com ele e ambos tinham amizade e comunhão (Gn 1.28; 2.8, 15, 18-20;
3.8). Contudo, a primeira vez que aparece a expressão “temor; medo” na
Bíblia é justamente como resultado do pecado e conduz a um medroso
retraimento diante de Deus: “Ouvi...temi...escondi-me” (Gn 3.10). Quando
se esta em comunhão com Deus, não há medo. O temor que o discípulo de
Cristo deve ter em relação a Deus não deve afastá-lo dEle e nem o fazer
viver em um constante estado de terror, mas servir de motivação para que
produza um viver de acordo com a vontade de Deus.
1.3. A importância de enfatizar este tema.
Vivemos dias desafiadores. A irreverência e o desrespeito têm sido
marcas do nosso tempo. Os extremos sempre são perigosos. Muitos dizem
que no passado as pessoas tinham “medo” de Deus, por causa dos
ensinamentos que receberam e a ênfase quanto ao juízo final e inferno.
Contudo, hoje vemos pessoas que tratam Deus como se fosse “um igual”,
chamando-O de “cara legal” ou o “lá de cima”. Não podemos confundir o
silêncio, a misericórdia e a longanimidade de Deus com igualdade com o
homem (Sl 50.21).
2. Os diversos tipos de temor a Deus.
Encontramos na palavra de Deus diversos textos que registram pessoas
que, diante de uma manifestação sobrenatural, demonstraram temer a Deus
(Êx 9.20; Jn 1.16; Dn 6.26). Contudo, não é suficiente apenas temer a
Deus sem considerar outros princípios bíblicos quanto ao nosso
relacionamento com Ele.
2.1. Temor interesseiro.
Após o Reino do Norte ser levado cativo pela Assíria, Salmaneser (Rei da
Assíria) levou muitos estrangeiros para “habitar nas cidades de
Samaria, em lugar dos filhos de Israel” (2Rs 17.6, 23-41). Porém eram
pessoas que não temiam ao Senhor e “mandou o Senhor entre eles leões,
que mataram a alguns deles”. Era comum a crença, entre os pagãos, em
“deuses territoriais”. Assim, aquele povo que passou a habitar em
Samaria procurou conhecer “o costume” religioso de adoração (2Rs
17.32-34). Ou seja, temiam a Deus quanto à adoração, mas não O temiam
para obedecer aos Seus estatutos e mandamentos.
2.2. Temor utilitário.
Aqueles estrangeiros estavam considerando o temor a Deus como um
“amuleto de sorte”. A sociedade brasileira tem sido caracterizada pelo
sincretismo religioso e pela superstição, assim como os estrangeiros de
Samaria. Quando o assunto é questões religiosas ou espirituais, o que
vale é o que dá resultado. Como se o pensamento fosse: “o importante é
estar bem com todas as forças espirituais”. Os atenienses chegaram ao
ponto de erguer um altar com a inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO (At
17.22-23). Como muitos hoje, tinham um conhecimento com respeito à
adoração bastante limitado e distorcido.
2.3. Temor como princípio do saber.
Aprendemos com a Palavra de Deus que não basta sentir medo, respeitar,
reconhecer o poder do Senhor e a Sua grandeza. O “temor do Senhor” é o
princípio, o começo da sabedoria é o conhecimento (Sl 111.10; Pv 1.7).
Não a sabedoria humana e terrena, mas a sabedoria suprema, que é temer e
reverenciar a Deus de maneira apropriada (Jó 28.28; Pv 8.13). É o temor
que conduz à obediência ao Senhor, a um viver piedoso e correto (Jr
32.40), e que conduz a desviar-se do mal (Pv 16.6). É um temor que
produz na pessoa o desejo humilde em aprender mais do Senhor (Pv 15.33).
3. Temor a Deus e atitudes.
É relevante refletir sobre a importância do temor a Deus ser seguido de
atitudes coerentes, como encontramos em diversos textos bíblicos, quando
o temor a Deus é associado a ações segundo a vontade de Deus, isto é,
que agradam a Deus. É o que constataremos neste último tópico.
3.1. Um temor que move à ação.
O patriarca Abraão, quando ia oferecer seu filho Isaque em holocausto
por mandado do Senhor, antes de imolá-lo, ouviu Deus lhe falar: “agora
sei que temes a Deus” (Gn 22.12). As parteiras no Egito, movidas pelo
temor a Deus (Êx 1.17, 20-21), não fizeram conforme a ordem de Faraó e
“conservaram os meninos com vida”. O sogro de Moisés, ao lhe sugerir que
buscasse homens para ajudá-lo na tarefa de atender ao povo, lhe diz que
deviam ser homens não apenas capazes, mas “tementes a Deus” (Êx 18.21),
pois, assim, aborreciam a avareza.
3.2. Um temor que conduz a um relacionamento.
Não se trata do temor que nos faz se esconder de Deus como Adão e nem
aquele demonstrado pelos estrangeiros em Samaria (interesseiro e
utilitário), mas o temor que norteia nossa vida nas questões espirituais
e morais. Não o medo aterrorizante e paralisador, mas que nos move a um
relacionamento saudável com Deus (Rm 8.5), influenciando nossas
atitudes e conduzindo-nos à plena confiança em Deus (Sl 115.11).
Justamente por termos um relacionamento com Deus como Nosso Pai, devemos
temê-Lo (1Pe 1.17), durante o tempo da nossa caminhada nesta terra como
discípulos de Cristo.
3.3. Cornélio, homem temente a Deus.
Acredita-se que Cornélio, o oficial romano, tinha algum conhecimento das
Escrituras, conhecia o Deus de Israel e, assim, orava, jejuava, fazia
esmolas, tinha bom testemunho dos judeus e era “temente a Deus” (At
10.1-2, 22). O próprio apóstolo Pedro disse que Deus se agrada daquele
que, em qualquer nação, O teme (At 10.35). Ele temia, contudo ainda não
era salvo (At 11.14). No entanto, Cornélio demonstrou a sinceridade de
seu temor a Deus ao se submeter á Palavra de Deus anunciada por Pedro
(At 10.33). Temor que resultou em ação, pois proporcionou oportunidade
para crer em Jesus Cristo.
Conclusão.
Precisamos, com urgência, reafirmar a doutrina do temor a Deus, pois
como vimos, faz a diferença no viver do discípulo de Cristo em sua
jornada na terra. Conforme o exposto na Bíblia, o temor a Deus conduz a
relacionamento, comprometimento e obediência a Deus (Sl 128.1).
Questionário.
1. Qual texto bíblico registra pela primeira vez a expressão “temor; medo”?
R: Gênesis 3.10.
2. O que os habitantes de Samaria procuraram conhecer?
R: O costume religioso de adoração (2Rs 17.32-34).
3. O que estava escrito no altar erguido pelos atenienses?
R: AO DEUS DESCONHECIDO (At 17.22-23).
4. O que as parteiras no Egito, movidas pelo temor a Deus, fizeram?
R: Conservaram os meninos com vida (Êx 1.17, 20-21).
5. O que o temor de Cornélio lhe proporcionou?
R: Oportunidade para crer em Jesus Cristo (At 10.33).
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