sexta-feira, outubro 13, 2017

Palhaçada



“Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar.” (Eclesiastes 3:4)

O conceito do clown (palhaço) é interessante. Para “montar” seu personagem ele se utiliza de suas próprias características e acaba sendo ele mesmo, porém fantasiado e exacerbando coisas de si que talvez gostasse que ficassem escondidas. Ele não encena, ele expõe seu ridículo e faz com que outros riam. O curioso nisso é que para colocar para fora tanta coisa ele precisa de sua fantasia. Será que ele não conseguiria fazê-lo com a cara limpa? Talvez não. Pode ser que ele tenha sido ensinado que as coisas precisam ser guardadas no interior, pois isso o poupará do ridículo e o fará estar em paz com a comunidade da qual faz parte. Mas, graças a Deus, ele encontra no clown sua válvula de escape.

Muitos de nós fomos ensinados que o choro precisa ser guardado. O choro precisa ser engolido. Principalmente os homens. Calaram nossas emoções nos mostrando que elas eram ridículas e com isso podem ter nos dito que nunca é tempo de chorar. Chorar é para os fracos e nós precisamos ser fortes. Os clowns pelo menos encontraram uma saída. E os que não fazem clown? Fazem o que com esse choro atrofiado dentro de si? Homens e mulheres sofrem por não entenderem que há sim tempo para o choro e ele é extremamente necessário. É preciso resgatar esse tempo e deixar vir pra fora tudo aquilo que só o chorar pode fisgar e fazer jorrar do nosso interior a fim de nos libertar.

Divirta-se. Sorria. Tenha lazer. Vá a uma festa. Tenha um banquete com os que você ama. Dance uma música romântica com quem você é apaixonado. Dance sozinho no banho. Cante. Se alegre. Saiba que tudo isso pode estar presente no seu tempo de rir e dançar. Mas não se esqueça que você precisa chorar. Quando estiver triste, respeite sua tristeza. Atravesse o luto. Não fuja do pranto. Tudo isso é capaz de gerar em nós saúde, pois somos seres integrais que precisamos de várias expressões e permissões de sentido. Não monte um personagem que te conduza pra falsidade, pelo contrário, permita-se ser acessado em suas questões mais ridículas, pois elas fazem parte de você. Todos nós as possuímos, mas o clown é corajoso de mostrar pra todo mundo.

Pr. Rodolfo Rodrigues Pereira