“Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.” (Tiago 4.14.)
Lá estava o caixão, no meio da sala. Depois de respirar por algum tempo, chegou a hora de aquietar os pulmões e ir.
Diante do caixão não há gargalhadas, as palavras se tornam sussurros de condolências, ditas em tons respeitosamente baixos. Afinal, é um funeral.
Diante do caixão todos se aquietam por um tempo em um diálogo interno, essa é a hora da reflexão sobre a vida.
O que é mesmo a vida?
Corre-se tanto, para no final ser carregado.
Trabalha-se tanto para adquirir os melhores metros quadrados e estabelecer residência e no final o espaço que precisamos é exatamente o tamanho do corpo.
Diante do caixão algumas verdades se tornam mais nítidas. Descobrimos que, realmente, não existem gavetas nele, para armazenar o dinheiro acumulado e que poderia aliviar a fome de alguém. Não há, nele, cabides para guardar as centenas de peças de roupas que talvez nunca foram usadas e deveriam estar cobrindo e aquecendo alguém. No caixão não há cofres e suas senhas, ali as joias se tornam simplesmente pedras envolvidas em metal, por mais valiosas que sejam. Caixões caros, baratos, cerimônias pomposas ou simplórias, coroas de tulipas ou margaridas, as opções são vastas, mas o objetivo é o mesmo: o adeus, a declaração do fim dos dias na terra. Agora vem o eterno.
A vida escapa quando trocamos sua leveza por cargas.
Culpas, mágoas, remorsos, ansiedade, preocupações… O fardo da razão.
A vida passa sendo doutrinada pelas urgências e emergências do cotidiano.
Diante da manifestação da morte, olhando para o caixão, o que podemos aprender e que tudo passa.
Só O Amor é eterno. E, se nos deixamos ensinar pelo Amor, viver se torna tão simples como respirar.
Quanto aos fardos, é só entregar para Jesus e viver abundantemente!
Acho que se tivéssemos um caixão no meio da nossa sala, talvez não desperdiçaríamos tanta vida com bobagens.
“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (João 10.10b.)
::Por Nilma Gracia Araujo
Membro da IBCVN-
Formada no Seminário Teológico Carisma