Eu me lembro de, ainda adolescente, começar a ouvir de pregadores sobre o sonho de um Brasil transformado pelo poder do evangelho. Conheci pessoas que passavam horas de oração em favor do país, clamando a Deus que mudasse nossa história. Gente que jejuava (e ainda jejua!), às vezes por anos em constantes votos, sem comer delícias. Gente que chorava (e ainda chora) diante de Deus e declarava a Palavra com as promessas de restauração da terra.
 
Foi impactante para mim quando alguns textos bíblicos saltaram diante dos meus olhos e incendiaram o meu coração. Textos como II Crônicas 7:14 e o capítulo 62 de Isaías. A descrição do rio de Deus que leva cura para as nações, descrito em Isaías 47 e em Apocalipse 20, viraram canção. E muitos outros textos, sobre os quais baseei minha fé e esperança para a transformação do país e do mundo, têm me sustentado quando me sinto desencorajada.

Talvez o que mais me influenciou foi o testemunho de vários países que já têm experimentado transformação. Este termo foi tema de um congresso que reuniu líderes cristãos do mundo inteiro na Indonésia em 2005. Ali ouvi e vi relatos de transformação de situações que pareciam impossíveis, como guerras, miséria, injustiça social, violência, e até a própria natureza morta revivendo miraculosamente. O poder do arrependimento dos pecados, a unidade da Igreja em oração desesperada, e a visitação de Deus trazendo avivamento são marcas destes testemunhos. Depois deste congresso também participei de diversos outros eventos em que este assunto foi estudado, e por meio de livros e vídeos, um constante reencorajamento veio ao meu coração.

Foi numa madrugada em 2001 que o Senhor me acordou e fui orar na sala do nosso pequeno apartamento. Ali, de joelhos, vi o mapa do Brasil e uma chamada de televisão convocando as pessoas para grandes ajuntamentos em que oraríamos pela nação. Luzes se acendiam nos Estados e mostravam imagens dos ajuntamentos. O texto de II Crônicas 7:14 era o tema. Naquela noite o Senhor me disse que deveríamos sair de BH realizando estes grandes eventos, a começar pelo Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. Não preciso aqui contar toda a história. Quem nos acompanha sabe que tenho buscado ser fiel ao chamado celestial. Ano após ano, e de acordo com a revelação do Alto, que é progressiva, temos viajado e reunido pessoas com esse propósito por todo o Brasil.

Num de nossos Congressos em BH, onde se reúnem milhares de pessoas do país e do exterior, o tema foi “A Igreja não é ponto de chegada, e sim de partida”. Também aprendemos sobre a conquista de novos territórios para a expansão do Reino. Ouvimos sobre os “sete montes da sociedade” e houve um momento em que o Espírito Santo me entregou palavras de conquista para cada um deles: Governo, economia, ciência, educação, artes, religião e família. Foi muito forte profetizar sobre o monte da mídia, das artes e entretenimento. Há alguns anos o Senhor já vinha falando sobre a conversão de diversos artistas e temos visto isso acontecer. Mas, a palavra desta vez era a de que haveria uma abertura muito maior nos veículos de comunicação seculares para os artistas evangélicos, em programações que não podíamos imaginar. Eu não pensei que estaria pessoalmente incluída no cumprimento desta palavra profética, mas, para minha surpresa, ali estava eu, apenas duas semanas depois da profecia liberada, participando de um programa na TV aberta brasileira, o Programa Raul Gil.

De lá pra cá muitas portas foram se abrindo. Depois de um longo processo de oração e mudanças no nosso ministério, fechamos a parceria com a Som Livre, para a distribuição dos nossos produtos. Certa vez, quando ainda estávamos acertando o passo, aprendendo a trabalhar com eles e eles conosco, quase terminamos a parceria. Foi então que aconteceu um evento em São Gonçalo, no Rio de Janeiro, e os executivos da Som Livre e alguns da Globo vieram pessoalmente nos prestigiar (Aliás, esse evento e outros, em locais tão carentes, como no Complexo do Alemão, têm sido possíveis por meio deles e de outras instituições não evangélicas).

Foi a primeira vez que os conheci pessoalmente e ao abraçá-los meu coração disparou. Um amor profundo por suas almas apertou o meu peito e agradeci a Deus a oportunidade de estar com pessoas não crentes. Naquele dia conversei com meus acessores e baseada nesse desejo de estar perto dessas pessoas, de ser sal e luz nesse mundo, e de chegar aonde ainda não chegamos com a pregação do Evangelho, me fez permanecer trabalhando com esta empresa secular. Os ponteiros foram se ajustando, e estamos muito felizes com a relação tão ética e agradável com estes novos amigos. Houve outros momentos de dúvidas, de questionamento desta parceria, mas o Senhor sempre me levou de volta ao início, quando me disse que queria que invadíssemos, que chegássemos aonde ainda não havíamos ido com a mensagem que nos entregou.

O que eu não podia imaginar era que a mais alta montanha da mídia brasileira, a Rede Globo, seria conquistada. Uma coisa eram os comerciais dos CDs e DVDs lançados pela Som Livre, veiculados em rede nacional, e que já eram importantes inserções. Eu ficava muito feliz imaginando as pessoas decidindo ouvir um CD evangélico pela primeira vez. Mas a parceria com a Som Livre não nos prometia nada além desses comerciais. A programação da Globo tem prestigiado as mais diversas gravadoras, e não apenas seus próprios artistas. Então, vieram oportunidades de participar de programas de grande audiência, como o Domingão do Faustão. Em 17 minutos falei a mais pessoas do que em toda a minha vida ministerial. Mas ir além disso, e entrar na programação da TV Globo era algo que eu nunca havia imaginado.

Uma série de milagres (eventos orquestrados pela mão de Deus) aconteceram e o Festival Promessas recebeu o apoio de todas as empresas Globo. O que inicialmente seria um evento pequeno, tomou proporções enormes, e a Globo investiu na estrutura, na divulgação, e o mais assustador, abrindo uma hora e meia na programação de Domingo à tarde, 18 de Dezembro. Nas palavras de um dos diretores, isso não acontece há mais de dez anos na empresa! Durante todo o processo de estruturação do evento, de convite aos artistas, vi a preocupação ética de unir todas as gravadoras, representantes de todos os estilos, e de respeitar nossa fé. Em nada temos sido tolhidos. Pelo contrário, todas as pessoas não evangélicas, com as quais temos trabalhado, têm sido extremamente respeitosas e podemos nos expressar exatamente como cremos e somos.

Parecia um sonho novo, que eu jamais havia imaginado. E foi se tornando realidade. Na primeira reunião em que nos encontramos com todos os artistas e com os organizadores do Festival eu mal podia acreditar nas palavras que ouvia da boca de pessoas não crentes e que estavam nos “lendo” há algum tempo. Eu pensava: -”É, parece que estamos conseguindo testemunhar Jesus!”. Em outros encontros ouvi coisas que achava estar tão longe de acontecer, como a influência da Igreja evangélica começando a forçar uma mudança na dramaturgia da televisão brasileira! Eu já me sentia satisfeita e transbordante, só de ouvir de pessoas tão importantes falando sobre o nosso testemunho e um possível futuro de transformação.
Os dias passaram rapidamente e os preparativos para o Festival se intensificaram. Ensaios, divulgação, mobilização. Para surpresa da própria Globo, nenhum patrocinador comprou as cotas de investimento e participação no evento. Eles tiveram que arcar com todo os custos e estão apostando na audiência do dia 18 para provar às grandes marcas do Brasil que vale à pena investir neste mercado que só cresce. Mas, a maior resistência, e que me entristeceu tanto, veio de dentro da própria Igreja. Será que só eu e alguns poucos estamos percebendo o que acontecendo?

O grande dia do Festival chegou e foi totalmente maravilhoso. Um após o outro, nós, ministros do Senhor, subimos naquele lindo palco e falamos livre e ousadamente de Jesus. Além da estrutura de excelência que nos foi presenteada, com telões de alta qualidade espalhadas pelo aterro do Flamengo, som que alcançaria 250 mil pessoas, e muito respeito e dignidade nos camarins, ainda havia a grande emoção de estarmos sendo gravados para a exibição do dia 18. A sensação era de uma grande estaca que estava sendo firmada no topo desta montanha. E todos nós, adoradores no palco, e os 100 mil que aceitaram o convite para o banquete, fizemos parte de um momento histórico (números oficiais da Polícia Militar e Prefeitura do RJ).
O desafio agora é que a audiência no dia 18/12/11, a partir de 1h da tarde, na telinha da Globo, seja tão grande que incentive seus executivos a continuarem investindo e abrindo as portas para os evangélicos. Eu, sinceramente, espero que não percamos esta grande oportunidade. Falar de Jesus dentro das Igrejas é importante, mas levar Sua mensagem aonde Ele ainda não foi pregado tem me trazido uma alegria que há muito tempo eu não sentia. Confesso que esta conquista tem renovado em mim a própria paixão ministerial. Tenho um forte chamado para ministrar em nações pouco evangelizadas, e nesse novo tempo parece que o Brasil se tornou para mim um novo campo missionário!

Apesar de estar certa de que serei mal compreendida pelos meus póprios irmãos, criticada por entrar em programações mundanas, estou decidida a ir onde o Senhor tem me levado. Vou seguir Seus passos, e olhar com Seus olhos, e tocar com Suas mãos, as pessoas que estão lá fora, perdidas nesse mundão. Enquanto escrevo, de dentro do avião, me recordo dos momentos que vivi há poucas horas gravando no “Caldeirão do Hulck”. Ali estavam jovens completamente distantes da mensagem do evangelho. Quem sabe até mesmo havia ali alguns desviados. E o que dizer dos milhões que assistirão quando for ao ar? Jesus foi se encontrar com eles ali! Foi isso que senti. Uma enorme alegria me fortaleceu e venceu o medo e a hostilidade que sentia no mundo espiritual. Ainda assim, sei que serei mal compreendida por cristãos que não entendem o que fomos fazer naquele lugar.

E você? Quer ver o Brasil transformado? Perceba o que Deus está fazendo agora mesmo, bem diante dos nossos olhos, na telinha! Dia 18/12, a partir das 13h, faça parte desta conquista que não é minha, mas da Igreja do Senhor Jesus no Brasil, e que servirá de testemunho diante de todas as nações.