terça-feira, dezembro 13, 2016

Reconhecimento de Jerusalém é “prioridade” para Trump; Irã fala em guerra


O novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, só assume o posto em 20 de janeiro. Entre as várias medidas anunciadas por ele durante a campanha, o reconhecimento de Jerusalém como capital indivisível de Israel passou a ser descrita como “prioridade”.
Foi isso que disse uma das principais assessoras da equipe de transição do republicano, Kellyane Conway, em entrevista a um programa de rádio nesta segunda-feira (12). O jornal The Jerusalem Post mostra que o primeiro passo para isso seria mudar a embaixada norte-americana de Tel Aviv para Jerusalém.
“Essa é uma grande prioridade para o presidente eleito. Ele deixou muito claro durante a campanha”, explica Conway que dirigiu a campanha do republicano. “Depois da eleição, ouvi ele repetir isso várias vezes em particular, e até mesmo publicamente”, ressaltou ela, que agora é uma das “consultoras” de Trump.
“É algo que nosso amigo Israel, um grande amigo no Oriente Médio, apreciaria. E algo que muitos judeus americanos se expressaram a favor. É um grande passo. Parece um movimento fácil de fazer”, reiterou.
Outros presidentes como o republicano George W.Bush chegaram a falar sobre o assunto, mas nunca deram passos práticos para o reconhecimento de Jerusalém. A maior parte dos países reconhece Tel Aviv como a capital do país e por isso mantém suas embaixadas lá. Recentemente o Brasil deixou de reconhecer Jerusalém como capital do Estado judeu.
Também neste domingo, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirmou em entrevista à rede norte-americana “CBS”, que está confiante que terá uma relação melhor com Trump do que com Barack Obama. “Conheço muito bem Donald Trump. Acredito que sua atitude, seu apoio a Israel está claro. Ele tem sentimentos muito claros sobre um Estado judeu, sobre as pessoas judaicas, não há dúvidas sobre isso”, afirmou.
Falando à Fox News no domingo (11), Trump disse confiar que seu genro Jared Kushner poderia “fazer a paz no Oriente Médio”. Kushner é um judeu ortodoxo e foi cogitado para assumir um posto de primeiro escalão a partir de 2017.

Irã fala em guerra

A aproximação de Trump com Israel está deixando os governos islâmicos muito irritados. O representante da Palestina na ONU, Riyad Mansour, ameaçou que tornaria a vida “miserável” para os EUA caso a embaixada saia de Tel Aviv. Ele também não admite a fala de Trump de usar o termo “unificada”, o que seria uma pá de cal nas pretensões palestinas de dividir a cidade, caso venham a ser reconhecidos como Estado independente pela ONU.
O ministro da Defesa do Irã, Hossein Dehghan, afirmou neste domingo, que a ameaça do novo presidente americano em suspender o pacto nuclear assinado ano passado por Barack Obama levará o mundo a uma guerra.
Durante a campanha, Trump classificou o pacto nuclear de “um desastre” e o “pior acordo já negociado”, anunciando que adotaria uma linha mais dura no trato com o Irã.
“Apesar de ele ser um homem de negócios, os assistentes que [Trump] escolheu podem traçar um caminho diferente para ele. Isso pode levar a inquietações, particularmente entre os países do Golfo”, afirmou Dehgan durante uma conferência de segurança, em Teerã.
“Os inimigos podem querer impor uma guerra contra nós com base em dados falsos e só levando em consideração sua capacidade material. Pois essa guerra significaria a destruição do regime sionista [Israel], engoliria toda a região e pode levar a uma guerra mundial”, sublinhou o ministro.
Não é a primeira vez que esse tipo de discurso sobre iniciar uma guerra é ouvido no Irã. Em julho, foi anunciado que eles dispunham de 100 mil mísseis apontados para Israel.
O governo islâmico radical acredita que as primeiras consequências da guerra seriam a destruição das cidades-estados na costa sul do Golfo Pérsico, como os Emirados Árabes Unidos, o Bahrein e o Qatar. O aviso é claro, uma vez que Teerã e a maioria dos países do Golfo são aliados aos EUA nas guerras em andamento do Oriente Médio.
Enquanto os iranianos estão ao lado da Rússia na guerra civil da Síria e do movimento Houthi, no Iêmen, os Estados Unidos apoiam os rebeldes sírios e o governo iemenita. A oposição das duas superpotências nesses conflitos e as ameaças a Israel parecem pintar um cenário nebuloso para os próximos meses na região.