segunda-feira, junho 22, 2015

A cura do cego de Jericó


De acordo com os arqueólogos, entre as cidades existentes no mundo todo, Jericó é a mais antiga. Faz parte do território palestino, localizada a cerca de 30 km ao norte de Jerusalém. Certa vez, Jesus atravessou aquela cidade, sendo seguido por uma grande multidão (Mc 10.46). À beira do caminho estava Bartimeu que, além de cego, era pobre e mendigo. Sua situação era muito difícil, assim como acontece com tantas pessoas hoje. Certamente, ninguém quer passar por problemas, necessidades e sofrimentos, mas tudo isto pode ser o meio que Deus usará para que muitos conheçam a Cristo. Foi o que aconteceu naquele dia.
Embora fosse cego, Bartimeu ouvia muito bem. A ausência de um sentido físico causa o aguçamento dos demais. Ouvindo o ruído da multidão, perguntou o que estava acontecendo. Alguém lhe disse que Jesus estava passando. Ele ouviu e acreditou. É tão importante haver alguém que nos fale de Jesus. Afinal, a fé vem pelo ouvir (Rm 10.17).
Imediatamente, Bartimeu começou a gritar a plenos pulmões: “- Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim”. Ele era cego, mas não tinha nenhum problema com a voz. Começou a clamar pelo nome de Jesus. Qual nome nós temos clamado na hora da dificuldade? “Pois, debaixo do céu, nenhum outro nome há pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12).
O cego estava bem informado. Ele sabia que Jesus era de Nazaré e descendente do rei Davi. Ele não gritou “Filho de Maria” nem “Filho de José”. Sua informação era mais avançada. Contudo, o conhecimento não seria útil sem atitude. Informação não basta. É preciso o contato com Cristo. Para isso, precisamos orar, clamando pelo nome de Jesus, pois está escrito: “Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Rm 10.13). A Bíblia diz que muitas pessoas repreendiam o cego para que se calasse. Quando buscamos ao Senhor, a oposição certamente se levanta, mas Bartimeu não se deixou intimidar. Afinal, ele não sabia se teria outra chance. Aquela poderia ser a última visita de Jesus a Jericó, como, de fato, parece ter sido.
O texto de Marcos divide o clamor de Bartimeu em duas partes: antes e depois de ter sido repreendido. Em Mc 10.47, ele “começou a clamar”. Em Mc 10.48, ele “clamava cada vez mais”. Isto mostra a perseverança daquele homem. Seja perseverante na oração. Se Jesus não atendeu na primeira vez, não desista, insista. A insistência é também uma demonstração de fé.
Bartimeu pediu misericórdia. Nossa oração deve ser humilde. Não podemos orar determinando o que Deus haverá de fazer. Peça misericórdia; peça ajuda; peça perdão. Então, de repente, atendendo ao clamor do cego, Jesus parou, junto a multidão, e mandou chamá-lo. Da mesma forma, Jesus lhe chama hoje. Queremos que ele nos atenda, mas nós também precisamos atendê-lo. A comunhão com Deus é uma via de mão dupla.
Bartimeu era cego, mas não tinha nenhum problema nas pernas. Está escrito que ele deu um salto e foi ao encontro de Jesus. Então, o Mestre lhe perguntou: “O que queres que eu te faça”? Ele poderia apresentar uma lista, dizendo: “Senhor, eu quero uma esmola, um prato de comida, uma capa nova, a casa própria, um cão-guia e uma bengala”. Não é o tipo de pedido que muitas vezes fazemos? Mas Bartimeu não disse isso. Ele falou: “Eu quero ver”. Ele não deixou que suas necessidades imediatas ocultassem seu verdadeiro problema. Hoje, também, muitas pessoas buscam de Deus apenas o remédio para os sintomas, mas não a cura de suas almas. Apresentam uma lista de pedidos materiais, mas se esquecem do principal.
Talvez o leitor, que enxerga bem, não se identifique com Bartimeu. Porém, muitos são afetados pela cegueira espiritual. Paulo disse que “o deus deste século (Satanás) cegou o entendimento dos incrédulos para que não lhes resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo” (2Co 4.4). Muitas pessoas vivem em densas trevas, sem visão, sem perspectiva na vida. Não sabem para aonde ir, vivem sem rumo, tropeçando e caindo. A cegueira espiritual não nos permite reconhecer a ação de Satanás e seus demônios em muitas situações. Então, culpamos os nossos semelhantes e começamos a atacá-los. Do mesmo modo, não reconhecemos a ação de Deus e por isso deixamos de ser gratos.
Certa vez, o exército da Síria cercou a cidade de Samaria (2Rs 6). O discípulo de Eliseu acordou pela manhã e ficou apavorado ao ver os soldados e cavalos. Então, clamou ao profeta: “Meu Senhor, o que faremos agora”? Então, Eliseu disse: “Não temas, porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles”. Em seguida, o profeta orou: “Senhor, abre os olhos deste moço”. Imediatamente, seus olhos espirituais foram abertos e ele viu carros e cavalos de fogo que cercavam e protegiam Eliseu. Precisamos orar também como o salmista que disse: “Senhor, abre os meus olhos para que eu veja as maravilhas da tua lei” (Salmo 119.18).
Bartimeu queria enxergar, livrando-se da cegueira natural. Jesus lhe disse: “Vai, a tua fé te salvou”. Então, o milagre aconteceu e o cego foi curado. Que maravilha! Mas o que ocorreu não foi apenas uma cura. A vida de Bartimeu foi transformada. Se ele era solteiro, teria agora mais chances de se casar e constituir uma família. Poderia também trabalhar, ganhar seu próprio dinheiro e adquirir todas as coisas que lhe fossem necessárias. Assim, ele começou pelo principal e alcançou muito mais. Agora ele podia ver tantas coisas maravilhosas à sua volta, mas o mais importante é que ele viu o Senhor Jesus e começou a segui-lo. Nós também podemos receber inúmeras bênçãos, mas o principal é conhecer o Senhor e alcançar a salvação eterna.
Pr. Anísio Renato de Andrade